sexta-feira, 19 de abril de 2013
Sobre o que fica na memória
É que esquecemos. Esquecemos de quase tudo. Do que é dito, do que é feito e até do prometido. Mesmo que só por instantes. Mesmo que voltemos a lembrar. Em algum momento esquecemos. Nos perdemos do que passou. E é nesses momentos, nesses lapsos de esquecimento que lembramos que não conseguimos esquecer, nem ao menos por instantes, o que sentimos, o que fizeram-nos sentir. Somos o que sentimos. Somos o que nos invade, o que arde, o que acalenta e o que conforta. Somos de dentro pra fora. Feito flor brota do chão, os sentimentos brotam em nós, no solo do coração, e vão se expandindo, ganhando terreno, tomando o corpo todo. O sentir de cada um é a lindeza mais pura e plena que se pode carregar. É a flor que não se colhe, pra que nada fique incompleto, deixe de si ser por inteiro. A flor viva, com as raízes bem fundas e fortes na terra, exalando, transbordando beleza, é o que fica na memória.
Olhos nus: olhos
Olhar.
Troca.
Tropeço.
Queda.
A queda do meu tu em ti e do teu eu em mim.
Caem
Um dentro do outro.
A vida de um nos olhos do outro.
Olhos.
Só o olhar desvenda tudo. Diz tudo.
Olho no olho, ser dentro de ser.
Mergulham, navegam, mapeiam, descobrem.
Despem um ao outro.
Retiram qualquer coberta, amarra, medo, máscara
.
.
.
Encontram-se.
Reencontram-se.
Nus.
Olhos nus:
Olhos.
Troca.
Tropeço.
Queda.
A queda do meu tu em ti e do teu eu em mim.
Caem
Um dentro do outro.
A vida de um nos olhos do outro.
Olhos.
Só o olhar desvenda tudo. Diz tudo.
Olho no olho, ser dentro de ser.
Mergulham, navegam, mapeiam, descobrem.
Despem um ao outro.
Retiram qualquer coberta, amarra, medo, máscara
.
.
.
Encontram-se.
Reencontram-se.
Nus.
Olhos nus:
Olhos.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Do barulho que a falta faz
E em algum momento, em meio ao meio barulho habitual, fiquei
presa no silêncio. O silêncio da falta, da espera, de uma resposta que não
chega. Silêncio que sufoca, daqueles que fazem tanto barulho que não se ouve
nem o bater dos corações. Silêncio... Pleno, intenso. Me enche de nada, esvazia meu peito de tudo
que importa. Pra reinar absoluto. Só. Calado. Até meu coração ter força pra
gritar, romper as amarras. Grito no silêncio e silencio o vazio da alma.
Terra e ar
De riso à bela. Bela flor. Risobelaflor. Acho que é isso, eu
queria me ver descrita em tuas palavras, fotografada pelas lentes sorridentes
dos teus olhos cor de mel. Por inteiro. Sem máscaras, amarras ou qualquer
limitação que deturpasse, maculasse a plenitude do toque, do cheiro, do meu tu
e do teu eu. E eu tive, tive o que quis e mais, e pelo mais eu quis ainda mais,
ousei querer que ficasse, permanente ente de mim. Mas não, não podes, és
pássaro. Daqueles que voam rasgando o alaranjado do céu ao entardecer. Tua essência
é grandiosa demais, livre demais, grita pelo mundo afora, tudo aflora. E eu,
feito flor, fico sempre presa ao chão, com as raízes cada vez mais fundas e
fortes na terra. Eu sou terra, tu és ar. Flor e pássaro, encontram-se no beijo
do beija-flor, e é lindo, momento encantador. Mas é o tipo de encontro que não
perdura. É sublime. Foi sublime. E só. Eu sou terra, tu és ar.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Permita-se (re)amar
Ela tem essa mania esquisita de poetizar o fim. Não, na verdade
creio que ela poetiza o pós-fim. Depois que algo acaba ganha uma beleza
estarrecedora, perde os defeitos, vira puro encanto. Torna-se muito melhor do
que de fato foi, ou ainda é. Isso porque ela não costuma aceitar finais, ao
menos não os que não partem dela. Se partirem, quando ninguém olha ela dá um
sorriso aliviado e suspira um cruel “já foi tarde”, bem baixinho. É essa
necessidade, essa ânsia pelo controle de si e do outro que ainda a levarão à
loucura. Ela precisa sentir-se querida, ou tudo desanda. Gosta é do drama,
da dor que faz arte, que cria mundos. Se prende ao que faz mal, ao que machuca
tudo que mora no aperto do peito. Não é que goste de sofrer, só tem medo de
entregar-se à felicidade e vê-la despedaçar-se outra vez. Feito espelho que se
quebra em vários pedaços, deixando ao desastrado responsável anos e anos de
azar. Talvez seja só esse medo que se sobrepõe à coragem, paralisando,
fazendo-a deixar de viver, de si ser por inteiro. Logo ela que tem tanta
maravilha dentro de si, logo ela que brilha de tanta luz que carrega em seu ser.
Devia deixar ir o que já foi, mesmo que doa, mesmo que pareça que ainda pode
ser. O que era antes não devia ser sempre, ou simplesmente seria. E o que nos cerca
no hoje pode esconder muita coisa boa quando não se olha com carinho. Encantadoras
descobertas, novas idades, novos amores. Estão sempre à espreita, esperando que
o seu coração se deixe tocar de novo, que se abra, junto com seus lindos olhos
cor de mar. Permita-se (re)amar.
Minha paixão pelo teu olhar
Meus olhos, tão novos, já viram algumas coisas
Se encantaram com umas, fecharam para outras
Vislumbraram simplórias felicidades
Mas aí encontraram os seus
Olhos que guardam sorrisos
E quiseram ficar abertos, olhando fixo
Admirando mesmo
Até deixarem de existir
Se encantaram com umas, fecharam para outras
Vislumbraram simplórias felicidades
Mas aí encontraram os seus
Olhos que guardam sorrisos
E quiseram ficar abertos, olhando fixo
Admirando mesmo
Até deixarem de existir
domingo, 20 de janeiro de 2013
Peraí, Menina
Peraí, menina
Que os amores chegam e se vão
Mas o coração continua
Destroçado ou não
Ainda bate, pulsa
Peraí, menina
Acalma esse teu coração
Que anda sempre tão cheio, quase transbordando
Desse jeito vais sufocar com tanto sentimento
Deixa dessa tua teimosia
No aperto do teu peito não cabe o sentir de todo o mundo
Mal cabe o teu
Menina, tu que carregas o peso do azul celeste nos olhos
E a luz do Sol no sorriso
Deixa de imediatismo
Que coisas de amor são finezas
Flores a brotar nos jardins dos que cultivam com paciência
Serenos sonhadores
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