terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Quem dera

Quem dera chegasse
e se desarmasse.
Se despisse
e até chorasse.
Quem dera se permitisse,
se libertasse.
Sem medo, sem angústia nem dor.

Mas não.
Sem dó ou piedade
se vai, se arma, se veste, se prende,
se esconde.
Cada vez mais
se amarra
aos ais.

Tenta fugir, mas não sai de si.
Encontra-se preso,
num corpo estranho
que teme explorar.
Tem medo do mar
e de amar.

Mantém-se distante,
olha só de longe.
Admira, se encanta,
mas nem pensa em entrar.
Quem entra se molha,
se coloca à mercê da vontade das águas.
Ele não pode, é fogo:

Chama acesa que controla a si mesma.

Amaromar?
Só no sonhar,
só bem de longe,
só pra guardar
no olhar.










2 comentários:

  1. Eu diria, usando de uma linguagem informal, que "é fogo ser fogo!"

    Belo escrito, minha poetiza, como sempre ritmando de forma perfeitamente imperfeita os pormenores dos sentimentos que nos afloram.

    Beijo

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    1. ''Ritmando de forma perfeitamente imperfeita'', armaria que ainda infarto com um elogio teu, viss?? Muuito obrigada, meu amigo. Não sabes como tuas palavras me alegram. Beeijo.

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