sábado, 19 de janeiro de 2013

Separação


Separar fere, corta
Quando corta dói
Como um membro, um braço arrancado por uma lâmina afiada
Algo tão necessário, essencial
Que repentinamente deixa de fazer parte do corpo

Se distanciar do que ontem fez bem e hoje só machuca dói
Dói porque as lembranças do ontem permanecem
Vivas, constantes
O corpo todo se movimenta como se o braço ainda estivesse lá
Mas não está

Cortar as vezes é necessário
Mas quando corta sangra
O vermelho pinga, escorre, mancha
Desmancha tudo
É o vermelho da raiva
De amores enfurecidos, decepcionados, desiludidos
Que só passa quando a ferida estanca
E se aprende verdadeiramente a viver sem aquele membro

Ainda espero o sangue parar de pingar, cansei do vermelho. Quero fazer renovar, cicatrizar. Pra me reconstruir, ser inteira de novo. Mesmo incompleta, mesmo faltando um pedaço. 

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