Separar
fere, corta
Quando corta
dói
Como um
membro, um braço arrancado por uma lâmina afiada
Algo tão
necessário, essencial
Que
repentinamente deixa de fazer parte do corpo
Se
distanciar do que ontem fez bem e hoje só machuca dói
Dói porque
as lembranças do ontem permanecem
Vivas, constantes
O corpo todo
se movimenta como se o braço ainda estivesse lá
Mas não está
Cortar as
vezes é necessário
Mas quando
corta sangra
O vermelho
pinga, escorre, mancha
Desmancha
tudo
É o vermelho
da raiva
De amores enfurecidos, decepcionados, desiludidos
Que só passa
quando a ferida estanca
E se aprende
verdadeiramente a viver sem aquele membro
Ainda espero
o sangue parar de pingar, cansei do vermelho. Quero fazer renovar, cicatrizar.
Pra me reconstruir, ser inteira de novo. Mesmo incompleta, mesmo faltando um
pedaço.
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